sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Papa inicia giro por Cuba e EUA com expectativa sobre embargo

Um dos principais colaboradores para a retomada das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, o papa Francisco inicia neste sábado (19) uma viagem histórica aos dois países, durante a qual deverá abordar temas sensíveis à comunidade internacional, como a crise imigratória, o aquecimento global e o embargo norte-americano de meio século à ilha, além de discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
Segundo a Agência ANSA, o líder da Igreja Católica desembarcará em Havana, onde se reunirá com o presidente Raúl Castro – quem já recebeu em audiência no Vaticano em maio – e com lideranças religiosas. Um encontro com o ex-mandatário Fidel Castro também pode entrar na agenda, de acordo com fontes locais. Para o teólogo brasileiro Frei Betto, que em abril se encontrou com Fidel em Cuba, esta viagem “é a crônica de um legado antecipado”.
“Francisco receberá, de cubanos e norte-americanos, a gratidão por ter promovido o reatamento das relações diplomáticas entre os dois países”, disse o frade em entrevista exclusiva à ANSA, ressaltando que, com sua intermediação, o Papa “foi literalmente um Pontífice, que significa aquele que constrói pontes”.

No entanto, para a professora de Relações Internacionais da USP e Unifesp e doutora em Integração da América Latina, Regiane NitschBressan, os apelos de Francisco pelo fim do embargo serão mais simbólicos que efetivos. “O fim do embargo deve acontecer, mas a gente não sabe quando.
Não será pela visita do Papa. Acontecerá em um futuro”, comentou a especialista, pontuando que Cuba já está adotando medidas internas para a reabertura econômica, à espera apenas do aval do Congresso dos EUA.
Terceiro Papa a visitar a ilha (depois de João Paulo II e Bento XVI), Francisco encontrará uma Cuba de 11 milhões de habitantes que passa gradativamente por uma abertura política e econômica. Após ter sua atuação na ilha afetada devido à ideologia da Revolução Cubana, que era contrária a qualquer tipo de religião, a Igreja Católica possui atualmente 650 templos, dos quais 325 são paróquias.
“A visita do Papa reforça uma mudança doméstica cubana. Não pode ser vista apenas como uma visita para impulsionar o fim do embargo, mas sim, para reconquistar os católicos da ilha”, disse Bressan.

Nenhum comentário:

Postar um comentário