A presidente Dilma com os reis da Suécia Carlos Gustavo e Sílvia - Christine Olsson/TT / AP
BRASÍLIA - Sem esconder a irritação, a presidente Dilma Rousseff negou, neste domingo, que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) vá deixar o governo. Bombardeado pelo ex-presidente Lula e pelo PT, o ministro da Fazenda chegou a redigir uma carta de demissão, na última sexta-feira, e pediu reunião privada com Dilma.
Na avaliação de fontes do Palácio do Planalto, a movimentação de Levy foi uma estratégia para tentar se fortalecer no governo.
-Ele não está saindo do governo. Ponto. Eu não toco mais nesse assunto. Qualquer coisa além disso está ficando especulativo. Vocês não farão especulação a respeito do ministro da Fazenda comigo. A politica econômica dele, se ele fica, é porque concordamos com ela — afirmou a presidente, que está em viagem oficial à Suécia.
Dilma disse ainda não concordar com o presidente do PT, Rui Falcão, que, em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo” defendeu mudanças na política econômica e a saída de Levy, caso ele não concorde.
— Eu acho que o presidente do PT pode ter a opinião que ele quiser. Não é a opinião do governo. O ministro Levy fica.
A reunião privada da presidente com Levy, na última sexta-feira, não aconteceu. Os dois se encontraram na presença dos ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Nelson Barbosa (Fazenda). Dilma negou que tenha sido discutida, na ocasião, a insatisfação de Levy com o fogo amigo.
— O que conversamos na sexta foi fundamentalmente quais os próximos passos e a estratégia para garantir a aprovação das principais medidas que vão levar ao equilíbrio fiscal. Não tinha nenhuma insatisfação dele. Dilma negou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha pedido a substituição de Levy: — Ele nunca me pediu nada (sobre Levy) e o presidente Lula, quando quer alguma coisa, ele não tem o menor constrangimento em falar comigo. Ele jamais disse isso para mim.
A presidente afirmou que a aprovação, pelo Congresso, da recriação da CPMF até o final do ano é "crucial" para o país voltar a crescer:
— O Brasil precisa aprovar a CPMF para que a gente tenha um ano de 2016 estável do ponto de vista das finanças.
A CPMF é crucial para o país voltar a crescer.
ISOLAMENTO DO MINISTRO
A carta de Levy e o pedido de reunião com a presidente refletem o descontentamento do ministro com sua posição atual.
Ele vem se sentindo isolado dentro do governo e tem sofrido ataques do ex-presidente Lula, do PT e do Congresso. A avaliação feita pelo próprio ministro a interlocutores é que seu isolamento cresceu tanto no Congresso quanto em setores do governo.
Segundo interlocutores do governo, Lula tem defendido enfaticamente a troca do ministro da Fazenda por considerar que ele tem um discurso muito negativo e voltado para o ajuste fiscal, quando deveria estar falando mais de uma agenda positiva e da retomada do crescimento da economia.
Fonte: O Globo
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